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24/02/2017

Aula inaugural do Curso de História faz reflexões sobre a Educação brasileira

O Curso de História da Faculdade de Ciências e Letras de Bragança Paulista – FESB  promoveu, em 14 de fevereiro, sua já tradicional aula inaugural. Com o tema “História das ideias políticas e educacionais no Brasil:  desde quando somos modernos?, o palestrante prof. Dr. Marcos Cesar de Freitas (Unifesp) apresentou os debates acerca da educação brasileira, deste o século XIX até 1970, identificados no seio das políticas educacionais, expôs uma contextualização política, cultural, conceitual e experiencial das discussões sobre o “sermos ou não modernos”, em sermos ou não um país que oferece, na realidade, na integralidade, uma educação para todos, se somos ou não um país que quer que todos tenham prestígio, conceito entendido no contexto da palestra, como “acesso à educação”.

O professor ressaltou como nossos dirigentes viram a abolição da escravatura e sua consequente destinação de uma multidão de analfabetos às ruas como um grande problema a ser enfrentado. Ele levantou reflexões como: Seria justo, naquela ocasião, oferecer uma educação de qualidade a esses inferiores? Como poderiam os filhos da casa grande dividir o mesmo espaço escolar com essa gente? A proposta da educação para todos já era uma realidade... mas igualitária? Um forte discurso político e racista estava enraizado entre os homens superiores (pois assim se consideravam) de nossa nação.

O palestrante ainda enfatizou, igualmente, as frequentes reformas educacionais ocorridas em nosso território. Lembrou que, só na década de 1920, foram oito. Os discursos proferidos e divulgados pela imprensa e alguns livros, segundo Marcos Freitas parecia um “circo de horrores”, pois estavam embebidos de ideias racistas e autoritárias. “Havia uma frequente desqualificação do povo brasileiro, uma desvalorização da cultura popular e do trabalho manual. Até mesmo o Ministério da Saúde, no começo do século passado, declarou que nossa maior doença era o analfabetismo”.

Ao avançar um pouco no tempo histórico para lembrar outros momentos em que a proposta de uma educação para todos foi debatida, o palestrante considerou uma pesquisa realizada pelo governo para a elaboração das Leis de Diretrizes e Bases de 1996 e destacou uma das perguntas apresentadas aos entrevistados:  O que acha se os vestibulares terminassem? E a grande maioria das respostas foi: mas aí qualquer um poderia entrar na universidade?  “Isto nos mostra que, em dado contexto social, não apenas as vozes governamentais de alimentavam de discursos e práticas que ainda se pautavam na diferenciação do homem entre superiores e inferiores, mas também parte da sociedade assim pensava”.

Igualmente autores e obras foram destacadas na fala de Marcos Freitas. Obras estas que nos apresentaram o povo brasileiro e também a questão da educação. No primeiro caso, Casa Grande e Senzala, de Paulo Freire, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda e a Formação do Brasil Contemporâneo, de Caio Prado Júnior.

No tocante à educação, Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire foram apresentados como responsáveis por quebrar paradigmas e considerar que todo homem, com sua experiência, lê o mundo. A questão proposta por estes dois últimos autores é que não podemos distinguir os homens pela diferença entre superiores e inferiores, mas considerar a diferença do grau de disponibilidade. Todo homem agora tem prestígio, se não traz consigo o saber escolar, traz sua leitura de mundo.

Segundo a professora Renata Cardoso Belleboni Rodrigues, coordenadora do Curso de História, a palestra, não apenas, suscitou questionamentos acerca da educação nos séculos XIX e XX, como levantou reflexões sobre a situação atual da educação brasileira. “O que entendemos por Educação? Que escola queremos? Quando nos referimos à educação para todos, em quem pensamos? Perguntas que temos que nos esforçar a responder, não sem antes debater, refletir”, explicou.

Renata Rodrigues agradeceu a colaboração do professor Marcos Freitas. “Mais uma vez nos agraciou com ponderações importantes relativas à Educação”.  Ela também agradece a presença de professores, alunos e ex-alunos dos cursos de História e Letras que prestigiaram o primeiro evento de 2017 em comemoração aos 30 anos de formatura da primeira turma de História e aos 50 anos da Instituição.

 

               

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Prof. Dr. Marcos Cesar de Freitas