Na segunda-feira (25), o curso de História da FESB (Fundação de Ensino Superior) promoveu sua aula inaugural. Um momento de reflexão sobre a história, seus objetos, suas fontes e sobre as interpretações historiográficas. “Uma oportunidade de refletirmos sobre o homem e todas as suas obras: pensamentos, instituições (políticas, sociais, religiosas), utensílios, materiais de toda sorte, a arte, bem como suas ações. Esse homem inserido em espaços e tempos diferentes”, explicou a coordenadora do curso Profa. Dra. Renata Cardoso Belleboni Rodrigues ao acrescentar que para estudar, o historiador lança mão de inúmeras fontes, como escritas, iconográficas, arquiteturais. “Das inscrições parietais, passando pelos papiros, códices, livros até os registros digitais. Das representações iconográficas das paredes das pirâmides ou palácios reais da antiguidade, às iluminuras, pinturas, fotos, estatuária. Das ruínas das primeiras casas, aos castelos, fortes militares e tantas outras construções. No tempo e no espaço o homem deixou sua marca. Por meio dessas fontes podemos conhecer e compreender o homem, a mulher, o negro, o índio, o livre, o liberto, a criança, as instituições”, disse ao lembrar que durante a aula, foi enfatizado que o homem ainda produz essas fontes, porque a história é inacabada.
Sobre as interpretações historiográficas foi destacado que se tratam de resultados de pesquisas que objetivam apresentar uma possível explicação dos processos históricos, o que de acordo com ela, implica em afirmar que não há uma verdade histórica absoluta, imutável. “Pois depende das linhas teóricas nas quais os historiadores estão inseridos e na escolha desse ou daquele conjunto de fontes”, ponderou.
Outra discussão importante levada a reflexão foi em torno da distinção entre história e literatura. “A história não é ficção, não é literatura, embora se utilize do recurso da narração. Mesmo que os resultados de pesquisas apresentados em artigos, livros, teses ou dissertações tragam, sobre um mesmo tema, diferentes explicações, todas são pautadas em análise das fontes. São estes rastros, esses fios do passado que possibilitam a diversidade de interpretações, mas não a criação ficcional de um dado acontecimento histórico”, ressaltou a coordenadora.
Já no final da aula, foram apresentados vídeos onde profissionais de várias áreas respondiam à questão: “Por que gosto de história ?” Dentre esses depoimentos, os dos professores do departamento de História da UNICAMP, Pedro Paulo Abreu Funari e Leandro Karnal. No vídeo, Karnal afirmou que o conhecimento histórico lhe torna livre. Manifestação que se opõe a resposta do monge Alcuíno de York (séc. IX) que diz que a ignorância é a liberdade do homem. A divergência serviu de ponto de partida para que a coordenadora do curso deixasse um questionamento aos amantes da história. “Assim, como poderíamos pensar a construção e divulgação do conhecimento histórico? Como algo que liberta? Ou como algo que nos tira a liberdade, uma vez que conhecendo a história abraçamos a responsabilidade de aprendermos com ela?”
Para Belleboni Rodrigues, a aula inaugural do curso foi um momento reflexivo, de pensamento crítico, onde a história e os homens foram os protagonistas de um debate de grande importância para alunos, professores e sociedade. Ela agradeceu as presenças no evento e deixou convite para Semana Interna de História, marcada para o mês de maio.