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04/09/2018

Estudantes de História da FESB se manifestam sobre incêndio que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro

Com o tema “Mnemosine, mais uma vez, chora!”, professores e alunos do curso de História da FESB (Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista) se posicionaram a respeito do incêndio que atingiu o Museu Nacional (RJ), no último domingo, destruindo cerca de 90% do acervo da instituição. Na segunda-feira (3) os estudantes compareceram à faculdade vestidos de preto e com cartazes se posicionando a respeito do desastre.  Segue abaixo o texto assinado pela coordenação do curso Profa. Dra. Renata Cardoso Belleboni Rodrigues

“Mnemosine, mais uma vez, chora!,

Na mitologia grega, Mnemosine era a personificação da memória, a titânida, mãe das Musas, que inspiravam os homens por meio de cantos a glorificarem o passado e o futuro. O canto era, pois, uma espécie de revelação e conhecimento do mundo. Memorar ou recordar, na Antiguidade, constituía a intenção de resgatar um momento primevo, torná-lo eterno, permitir que o que aconteceu no passado não se tornasse ordinário, irrelevante. Lembrar era uma forma de imortalizar os nomes, os feitos, era trazer à presença aquilo que estava ausente, era uma forma de mostrar ao homem as suas tradições e ratificar que era quem era em razão de seu passado. Recordar era a maneira de escapar do esquecimento, da mortalidade, da impermanência. Nós, em parte, nos apropriamos desse legado. Também damos importância à memória, às lembranças, às recordações. No entanto, o que estamos fazendo de nossos documentos de memória? O que temos feito para imortalizar nosso passado, do qual somos filhos? O que temos feito das moradas das Musas, nossos museus? Não é de hoje que nosso patrimônio tem sido consumido pelas chamas. Em maio de 2010, houve a destruição de um enorme acervo do Instituto Butantan, em São Paulo. Em novembro de 2013, foi a vez do Memorial da América Latina, quando os interiores do auditório Simón Bolívar foram atingidos. Em 21 de dezembro de 2015, a região do centro de São Paulo testemunhou ao incêndio do Museu da Língua Portuguesa. As mesmas causas destruíram a Cinemateca Brasileira, também na capital paulista, em fevereiro 2016. E, talvez, a maior tragédia de todas, neste último dia 2 de setembro, vimos em todas as mídias: o grande incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro. As perdas ainda estão sendo computadas: perdas simbólicas, históricas, culturais... nossa memória, nosso passado e nosso futuro queimados. A quem culparemos? Ao descaso do Poder Público? A má gestão? A nossa falta de costume de buscar conhecimentos em nossos museus? Todos têm a sua parcela de responsabilidade nessa tragédia. Mas é dolorido saber que nosso governo gasta mais para lavar os carros que nossos políticos usam do que o que é dispensado para a manutenção dessas casas do saber. Nós, professores e alunos do curso de História, não poderíamos deixar de mostrar nossa indignação. Em apoio a todos os funcionários e pesquisadores do Museu Nacional nos reunimos e nos solidarizamos. Que as vozes dos que derramaram lágrimas ecoem e se transformem”.

(Profa. Dra. Renata Cardoso Belleboni Rodrigues)

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